23 de março de 2009

Invasão.

Santo corre corre me impediu de escrever antes.

No fim da semana passada tive uma experiência fantástica. Diferente. Passei dez horas do meu dia acompanhando uma invasão de prédio público.
Algo que eu sempre fui contra, todos sabem. Quem me conhece, sabe a minha opinião a respeito de invasores de terra, de bandidos "fantasiados" de coitadinhos e principalmente minhas críticas a alguns movimentos "sociais".

Mas, como eu dizia, na semana passada foi diferente. Deixando de lado a ideologia, a motivação política, conheci pessoas que sofrem os efeitos da seca, da chuva, da falta de dinheiro e das dificuldades para plantar. Que estavam há mais de uma semana esperando serem recebidos por um representante do governo e não eram atendidas. Pelo contrário, o marca-desmarca de reuniões (tão comuns aqui em Brasília) era feito todos os dias. Pessoas que me receberam bem, sem a raiva no olhar - que eu já senti numa outra invasão - por eu ser "privilegiada", ter uma situação econômica diferente. Tive vontade de abraçar cada um e dizer "sigam, sem raiva. Trabalhem, sem revolta. Lutem pelo que querem, sem armas".

Pensei "meu Deus, o que fazem aqueles homens que foram eleitos para criar condições de amenizar o sofrimento desse povo?". Não encontrei respostas. Na mesma semana o escândalo das diretorias do Senado estourava. Fora o desperdício de verba pública nos demais órgãos do poder.

Nenhuma depredação, nenhuma baderna. Depois de 24 horas eles saíram de lá. Voltaram para o acampamento ao redor do prédio. Eu fui pra casa bem antes. Com a consciência de que a minha responsabilidade aumentou. Eu tenho um lar, eu tenho um emprego, eu tenho condições de ajudar aqueles que precisam de mim. Talvez eles não tenham percebido, mas abracei cada um durante as dez horas que permaneci dentro daquele prédio. Beijei em pensamento a senhora que me ofereceu o almoço, que por sinal estava maravilhoso.

Volto a repetir, não sou a favor de invasão. Não me iludo com apelações de determinados movimentos sociais. Mas, naquele dia, senti algo diferente. Principalmente pela forma pacífica como aquelas pessoas agiram, de saco cheio por serem enganadas e enroladas por pessoas que se acham superiores e não enchergam no próximo um irmão. Mais do que isso, a única forma de evoluirmos.

Que fique com todos essa mensagem. Que a gente não se iluda, mas que também não se contamine com a revolta alheia.

Boa semana pra todos!!

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